domingo, 5 de agosto de 2012

Bátima começa


Voltando um pouco a escrever sobre filmes aqui, vamos falar de coisa boa, vamos falar de Batman.


Pra me preparar psicologicamente pro terceiro filme - que eu vi ontem e foi lindo e e e depois eu falo dele -, eu resolvi rever os dois primeiros, que eu já tinha assistido em um passado distante.

Tão distante que, quando reassisti, percebi que não tinha entendido nada do filme antes. Ou, melhor dizendo, que eu não tinha sacado nem a menor parte da dimensão da ~filosofia do Batman e da genialidade das tramas. Fiquei passada.

Vamos começar explicando que eu nunca li as HQs, então toda a referência que eu tenho de canon vem dos filmes. Ler HQs pra mim é um processo penoso e demorado, porque leio no computador (comprar não vai estar rolando), e agora eu resolvi focar em Hellblazer. Com isso explicado, vamos lá.

Obviamente vai ter spoilers, cuidado aí.

Antes dos filmes do Nolan, quem era o Batman pra mim? Era um cara muito rico e poderoso que, tal e qual o Iron Man, um dia resolveu ser um herói - só que com uma roupa particularmente complicada de usar. Capa, seriously? E pronto, era só isso. Eu nunca tinha entendido muito bem qual era a motivação dele.

Um apanhado dos meus “heróis” preferidos, até então: Homem Aranha e Constantine (Magneto não conta porque é vilão). Por que? Porque são dois fodidos. Mas eles ainda têm uma coisa: alguma forma de poder, nato ou adquirido. Heróis como o Iron Man ou a Viúva Negra nada têm além das suas mãos e/ou tecnologia avançada. Gosto disso porque dá uma humanizada maior no personagem fazer com que ele mesmo seja o construtor/criador do seu poder. Veja, se você nasce com uma característica especial, o ser herói tem a ver com lidar com isso. Se você constrói essa característica, você ainda está lidando com responsabilidades e escolhas, mas o sentido já muda um bocado.

E aí temos Batman Begins e o que eu chamo porcamente de ~~filosofia do medo~~ - que vai ter um fechamento lindo no terceiro filme. Gosto de heróis (ou, em outro tipo de história, simplesmente mocinhos) que andam no limite, que são cinza, que precisam fazer um esforço contínuo para não se corromper. Esse era Bruce Wayne no começo, exceto que ele já tinha se entregado. Numa jornada mais ou menos similar à de Tony Stark - porém mais complexa e, erm, mais longa -, Bruce resolve imergir naquilo que quer destruir. Salvar pessoas, proteger a cidade, fazer o bem? Não, a motivação inicial dele era vingança. Ele fez o caminho inverso e é assim que eu gosto.

"Why bats?"
"Because bats scare me."

Para vencer o medo, você deve se tornar o medo. Essa é a base, e ela é infinitamente mais profunda do que a minha ideia inicial de “um cara rico que resolveu ser herói”. O Batman é um símbolo sombrio, marginal e recluso nos seus próprios medos, assim como a própria Gotham City. Ele se afasta do papel de trazer esperança (mais sobre isso em The Dark Knight) e foge do reconhecimento. Aliás, eu gosto muito do fato de Gotham City ser fictícia. Isso dá uma liberdade bem grande pra criar contexto. 


Queria falar outras coisas, mas elas cabem mais no TDK e em outro post :) 

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