segunda-feira, 9 de março de 2009

Talvez fosse apenas louco...

Hallö...


Aqui estou eu de novo, tentando cumprir, ainda que tortuosamente, a “política” do não-deixe-o-blog-sem-post-por-mais-de-uma-semana xD


Na segunda-feira passada começaram as minhas tão esperadas aulas *-* É tão bom voltar à rotina xD


Balanço das férias:


- 200 horas de internet;

- muitos pacotes de bolacha de chocolate devorados;

- muito café;

- sete capítulos de Flores;

- alguns capítulos começados e outros quase terminados do Will xD;

- um capítulo de The Greatest

- um conto

- e, entre outras coisas, tédio, muito tédio.

Mas tudo bem, eu sobrevivi u.u’ Ainda é meio estranho não ter mais tanto tempo livre para internet e para escrever, mas eu posso superar isso... Sabe, eu sou uma pessoa tão absurda que as minhas maiores inspirações vêm justamente quando as aulas começam e eu to cheia de coisa pra fazer!


Nesse sábado, por exemplo, eu fiz um conto. Eu nunca tinha feito um conto. Minhas histórias sempre têm vários capítulos, porque eu nunca consigo desenvolver bem a minha idéia nas poucas páginas que um conto deveria ter. Até tentei fazer alguns nos últimos tempos, mas não saía e desisti.


E, bom, outra peculiaridade: a maioria das coisas que eu escrevo nascem de simples frases. Eu fico com a tal frase na cabeça e só sossego quando escrevo alguma coisa pra botar ela no meio. Esse conto que eu fiz nasceu da frase “uma vozinha fraca e delicada, que poderia ser levada pelo vento a qualquer instante”. Eu só sosseguei quando escrevi o conto para colocar essa frase nele xD Vários capítulos do Will nasceram assim.


Vou postar esse conto hoje. É curtinho e indolor xD


Ah, ontem assisti o O Curioso Caso de Benjamin Button *-* O filme é MUITO bom mesmo!! Chorei litros xD O último filme que me fez chorar assim foi A Lista de Schindler, que também é muito incrivelmente bom! Qualquer dia ainda escrevo mais sobre esses filmes...


Enfim, vamos parar de enrolar... É a primeira vez que uso essa "estrutura circular" e a completa ausência de diálogos diretos... Espero que tenha ficado bom ^^ Eis o conto:


I

Infinito

...perguntei a ele se eu estava ali por ser louco. Ele disse que eu era apenas um homem confuso. Talvez eu seja mesmo. Sabe, às vezes me sinto bastante confuso. Mas continuo achando que se estou aqui é porque sou louco. Ele diz que não. Bom, ele não diz exatamente que não, mas também não diz sim. Ele é o cara de branco. O chamam de psiquiatra. Nunca vi psiquiatras de branco, a não ser ele, claro.


É, talvez eu seja louco. Eu bem que gostaria de ser. Quero dizer, há pessoas aqui piores do que eu. Há realmente muitas pessoas que posso considerar em pior estado, porque eu nunca me joguei de um prédio nem fico torcendo as mãos de cinco em cinco segundos. Acho que seria interessante ser louco assim. Afinal de contas, eles não estão nem aí para nenhuma outra coisa que não esteja dentro de suas próprias mentes. Bom, às vezes isso é o bastante. Eu bem que queria me distrair tanto assim comigo mesmo, a ponto de esquecer o mundo exterior.


Talvez eu não goste de mim o suficiente. Talvez eu não me odeie o suficiente. Ou simplesmente não deveria pensar nisso. É, acho que sou confuso, sim.


Aqui não é um lugar ruim e deprimente como a maioria das pessoas costuma acreditar. Algumas pessoas realmente são deprimentes, mas o lugar em si não é. Não há nada de deprimente no meu quarto cirurgicamente branco e sem objetos cortantes. Não há nada de deprimente na minha janela com grade. Nem no meu inseparável roupão. As pessoas sempre acham que os loucos têm que andar com um roupão surrado. Eu gosto do meu roupão. Logo, devo ser louco.


Gosto de olhar pro teto, que também é branco. De dia, com a luz acesa, ele fica mais branco ainda. Então deito na cama e fico olhando, imaginando que aquela branquidão é o infinito me tragando. Às vezes estendo a mão para ele, o infinito. Ele costuma me ignorar freqüentemente. Isso me deixa muito triste.


Tem uma valsa tocando aqui no quarto ao lado. Não sei quem mora nele. Na verdade, não conheço ninguém aqui pelo nome. Não gosto de nomes. Mas a valsa é bonita. Parece tirada de um daqueles discos antigos e quase deteriorados. Música bonita me dá vontade chorar e rir ao mesmo tempo. Me dá um nervosismo estranho. Como quando a gente vê uma garota bonita e não sabe como se aproximar. Como quando a gente entra no mar e gosta de estar lá, mesmo sendo perigoso.


Como quando eu olho paro o teto e imagino o infinito. Eu fico pensando se seria muito ruim estar lá. Completamente envolvido por aquela luz branca e brilhante. Fico pensando se seria como um abraço bom. Poucas vezes na vida recebi um abraço realmente bom. Abraço, pra mim, é uma coisa estranha e que a maioria das pessoas – inclusive eu – não sabe fazer direito. Acaba ficando desconfortável e chato, e você não vê a hora de se desfazer dele. Mas um dia recebi um abraço bom. Não lembro quem foi que me abraçou, nem quando foi. Como já disse, talvez eu seja um cara confuso.


O que me resta é apenas é uma lembrança vaga daquele abraço. Lembro claramente de como ele era quente e aconchegante. Foi como estar finalmente em casa. Eu não queria sair daqueles braços. Se o infinito deixasse de me ignorar e me tragasse, talvez eu pudesse sentir esse abraço de novo.


E então eu estendo a mão. E nada acontece. O teto é apenas o teto, e está escurecendo. De noite não é tão brilhante quanto de manhã. Não é a mesma coisa. Da minha janela posso ver o campo. Nele há muitas enfermeiras conduzindo gente maluca. Elas não me conduzem, porque eu não saio. Tenho medo. Não sei exatamente do quê, mas tenho.


Todas as janelas têm grades. Em determinada época do ano, o pôr-do-sol ganhar uma tonalidade especial pra mim... Fica incrivelmente alaranjado e às vezes até meio roxo. É como se o céu fosse uma tela de pintura e o pôr-do-sol fosse a pincelada de um artista melancólico. Não há todas essas cores nos outros meses. Então eu me sento no parapeito da janela e fico olhando.


Deve ser também alguma forma de infinito. Mas pra esse eu não posso estender a mão, pois há uma grade. Eles acham que eu vou pular se tirarem. O cara de branco disse que sabe que eu não faria isso. E então eu perguntei porque então não tiram. E ele respondeu que era medida de segurança, não só pra mim, mas pra todos e algumas outras coisas complicadas assim.


Isso também me deixa triste.


Quando estou no corredor e vejo uma enfermeira passando, ela sorri pra mim. O típico sorriso de quem está ali pra ajudar. Quando vejo o cara de branco, o psiquiatra, ele também sorri. O sorriso dele é algo como ‘você vai ficar bom’. Mas quando vejo alguém que está visitando outra pessoa... Bom, esses não sorriem. E quando sorriem, é algo tão falso ou medroso que dói. Eles não têm medo dos próprios loucos, não é? Vão lá visitá-los e tudo o mais. Não sou pior do que eles.


Medida de segurança. Tá certo. Essas pessoas não são exatamente uma ajuda para nos sentirmos melhor e não termos vontade de pular pela janela.


Acho que eu não pularia. O infinito está em cima, não embaixo. Não tem porque procurar por ele lá.


Ninguém vem me visitar. Ele disse que já vieram, há algum tempo, mas que pararam de vir. Não perguntei porque. Às vezes é melhor ficar de boca fechada. Não lembro dessas visitas. Ou talvez eu não queira lembrar.


Raramente vejo uma criança por aqui. Elas vêm de vez em quando, visitar os parentes malucos. Não gosto muito de crianças. Elas podem ser as criaturas mais cruéis do mundo, se quiserem. Elas não temem nada. Nós achamos que temem, mas não. São cruéis. Elas sorriem quando passam, mas isso não me engana. São cruéis.


Uma vez conheci uma garotinha. Eu devia ser criança também, não lembro. Devia ser. Não lembro como ela era. Lembro só da voz. Uma vozinha fraca e delicada, que poderia ser levada pelo vento a qualquer instante. Ouvi-la falar era quase como sentir um beijo.


Não sei onde ela está. Nem sei se ela realmente existe. Às vezes acho que, pra que alguma coisa exista, basta eu querer que ela exista. Mas não funciona. Como o infinito no teto, por exemplo.


Está um pouco frio lá fora. Às vezes tenho vontade de ir até os jardins. Me sentar debaixo de uma árvore. Ver o pôr-do-sol. Mas eu não posso sair. Não quero. Talvez eu esteja melhor no meu quarto cirurgicamente branco, sem objetos cortantes... Acho que já disse isso.


Ele diz que eu preciso me encontrar. Eu respondo que isso vai acontecer quando o infinito resolver me levar. Ele diz que eu não devo pensar assim. Acho que ele pensa que eu vou pular. Eu não vou, já disse. Não sou idiota de procurar embaixo. E, além do mais, há a maldita grade.


Talvez aquele abraço pertença a vozinha levada pelo vento. É, talvez ela tenha sido levada pelo vento.

E então eu perguntei a ele se estava ali por ser louco. Ele disse que eu era apenas um homem confuso. Talvez eu seja mesmo. Sabe, às vezes me sinto bastante confuso. Mas continuo achando...

--

Comentem, digam o que acharam, e façam uma blogueira feliz xD


Até mais...

27 comentários:

Chrissie disse...

PRIMEIRA XD

Chrissie disse...

Nhay Moony, agora sim esse seu conto tá perfeito (pulou as linhas que tinha que pular ¬¬')

Não resisti e li uns parágrafos de novo *-*

Eu também sou assim, um testo fenomenalmente grande surge de uma plavra ou de um título, ou frase. 8D É assim mesmo, desde que a gente continue escrevendo, por mim tá perfeito XD

Nunca vi a Lista de Sch... mas tem um monte de geste dizendo que é bom, ainda vou ver \o\. Benjamin é MUITO BOM, vcê entendeu a metáfora do beija-flor? xD

O_O CHOROU? Puxa, eu achei tão lindo, me emocionei, mas não chorei, eu achei o final bonito, afinal.

Conto perfeito. MESMO. Cara, se você revisar isso, ver se tem alguma coisa pra melhor e mandar pra alguma resvista, MOONY! Sério, acho que você consegue!

Um beijão 8D
tchau!

RafaelGuimaraes disse...

caraca O.o
você conseguiu pegar a essência de um conto psicológico. O.o
A sondagem da mente.

tá muiito bom mesmo *-*
eu amo contos e crônicas. Sou fascinado por elas. Adorei esse conto. Adorei mesmo.

Raquel Diniz disse...

"É curtinho e indolor"..
é isso aew.. vc vai looonge..

"Música bonita me dá vontade chorar e rir ao mesmo tempo. Me dá um nervosismo estranho."[2]

ameii mesmo.. muito inteligente..
quando vc publicar seu livro, não esquece se mandar um exemplar p/ minha biblioteca..uahuahua

bjoo
:**

Raquel Diniz disse...

oops.>
..não esquece "de" mandar uma exemplar..

errei.. hehehe

.ana disse...

oieee!
to passando rapidinho [ando sem tempo tb], mas em breve leio teu conto!

sobre o livro que perguntaste se eu tinha lido... não! já ouvi falar nele, mas não li...
[tem alguns que a gente realmente demora pra 'engrenar' e gostar!]

beijos!

' Rôh disse...

Cara, eu até te perdou por td d errado no mundo. rs
Eu vou dizer o q? "ta muito bom"? O que eu realmente quero dizer vai além disso.
Vaii diz q não pensou um minutinho em mim enquanto escrevia esse conto e no qto eu me sentiria identificado com ele. =P

Não, não, eu vou-me embora... Vc é a pessoa cruel do conto!

xau xau xau

Larissa disse...

Bom demaaaiss!!!

Aaah, amei o Benjamin Bottom, o velhinhos dos raios é tuudo! E eu como amante do assunto Guerras mundiais sou fã incondicional de A lista de Schindler.!
Muito bem feito!

Show seu conto.!

;**

O amor e etc. disse...

Estou feliz por ter desenvolvido mais um talento!! Também estou sem tempo ´para a internet , mas amo muito meu blog e gosto de vocês, por isso vou sempre estar arrajando um tempo para responder vocês e para ler o blog de vocês.
Eu não curto muito vafé, parei de tomar por causa da relaigaiaão que eu frequentava, "a igreja de mormon", você deve conhecer, sai de lá, mas o hábito ficou, a última vez que eu tomei café foi na tentativa de ficar até de madrugada estudando, não deu certo, vomitei tudo e fiz um péssima prova. Rs.

O amor e etc. disse...

Estou feliz por VOCÊ ter desenvolvido mais um talento!
café*
religião**

Anônimo disse...

A minha inspiração vem sempre quando estou caindo de sono e deito pra dormir. Nem com reza brava eu acendo a luz pra escrever!

Vou ler tudo com calma tá? Quando tiver tempo pra ler alguma coisa com calma...

Um beijo.

Bell Bastos disse...

Ah, soooomos foooda meesmo. xD E um feliz dia das mulheres. Não vou dizer que é atrasado porque todo dia é o nosso dia. =D Uuui. ahaha
__________________

Meniiina, com as aulas, meu blog está mais abandonado que tudo, vou ver se posto alguma coisa hoje, tiro a poeira, as teias de aranha, coloco a casa em ordem... auhauahau

Acho que vou aderir a política do não deixar o blog abandonado por mais de uma semana. uahaua Acho digno.

Sofia N. disse...

Noooossa! Eu achava que as aulas me fariam bem, mas tô mais atolada que uma vaca! O_o
Eu também tô nessa do post por semana... Mais que isso não dá tempo!!
-----
Eu gosto de texto que nascem assim, desse jeito! =)
-----
Beijooos

Atreyu disse...

Oi! Moony e Rôh

Vocês estão convidados a participar do blog:
Oh! My Girls...
Que estreará dia 7 de Abril.

Gostaria muito que vocês aceitassem o convite =D
Se a resposta for sim... (vou torcer)
acessem

Oh! My Girls(http://www.ohmygirls.blogspot.com)

E deixem um comentário dizendo os seus e-mails!

(ainda faltam alguns ajustes, mas daqui pra lá tem tempo)

Marguerita disse...

Salvei o texto pra ler depois e li!
Realmente muito bom!

Posta mais!

Bjs, Rita!

Anônimo disse...

oi, meninas! (?)

estou de volta!!!

no anonimato, claro!

passa lá!

bjus!!!!

:t

Anônimo disse...

vou postar de novo,

mas além de fazer uma blogueira feliz
vai ser tb pra elogiar o trabalho de vcs!!!

perfeito!!

Daniel Savio disse...

Bem, na minha humilde opinião, quem não se sente confuso hoje em dia?

Pois eu achei um texto bastante bom para refletir, pois não nos tocamos como podemos ter problemas, as vezes, as camisas de força não são postas por terceiros, apenas por nós mesmo (como por exemplo, quando nos matamos de trabalhar sem uma pausa para descansar).

Fique com Deus, menina Moony.
Um abraço.

John Rômulo disse...

Pois é eu sinto falta da rotina da escola ! espero viver em breve a rotina de uma faculdade !!!
ah eu não tenho talento nenhum pra escrever contos. quer dizer pelo menos eu não gosto muito dos que eu escrevo :p

muito bom ler seu post!
bjus

www.johnrmulo.blogspot.com

Atreyu disse...

Para entender melhor ou tirar dúvidas sobre o Oh! My Girls
=D
http://detestoestudar.blogspot.com/2009/03/tirando-as-duvidas-do-oh-my-girls.html

Se ainda sobraram algumas dúvidas me manda um e-mail ou me add no msn
diogoatreyuu@hotmail.com

p.s:
responde Rôh

Camila disse...

não li todo, admito...mas até onde eu li eu gostei!

bjs chuchu

Anônimo disse...

AHHHHH!
A palavra que eu mais amo-adoro-devoro no mundo é 'infinito'!
Por aí, eu não preciso mais dizer...

=)
Meu beijo.

Vanessa Kayren Araújo disse...

Oiii amor^^
Cara tô tão satisfeita ^^
Alessandro Reifer, um escritos famoso daki de Santiago, elogio Garotos Não Choram ><
To muito contente ^^
Tem a continuação do capítulo 8 lá no blog ^^
o cap 8 tah quase acabando viu?
Um grande beijo
Ainda num tive tempo de ver as atualizações aki do blog, mas assim que eu puderpasso aki com mais tempo
beijuxx
o/*

Glenda disse...

haha que tal então hein moony, vamos ser parceiras de blog!! beijoss

Pattinha disse...

bolachas, adoro ler e ouvir bolachas, se bem que eu como biscoitos ;p

beijo*

Atreyu disse...

Oi!!!
Tem Selo Pra Você!!!
=D
E uma sugestão {mara}
Entra no link

http://detestoestudar.blogspot.com/2009/03/o-selo.html

Vanessa Kayren Araújo disse...

Oi amore ^^
Finalmente consegui ler teu conto ^^
Tá perfeito, mas muito melancólico 0.õ
Nesses meus dias de deprê isso ajuda a se pensar em pular xD
mas eu num vou, fazer isso. Apesar de que, o que eu quero, estar embaixo skaopskapo se é que você me entende xD
Te adoro =D