domingo, 2 de janeiro de 2011

I'd just be the catcher in the rye and all. I know it's crazy, but that's the only thing I'd really like to be.

Três coisas pra hoje:

1. Feliz Ano Novo, pessoas :D
2. O Bertonie pediu os links dos filmes do Xavier Dolan pra baixar. Aqui estão: J'ai tué ma mère e Les amours imaginaires (aliás, a maioria dos filmes que eu baixo vêm do Laranja Psicodélica mesmo ~merchan feelings~)
3. O post em si:

.x.

Há alguns milhões de anos eu disse aqui que escreveria sobre Lolita quando terminasse de ler. Pois bem, terminei de ler e nunca voltei pra falar sobre o livro, mas hoje eu estava lendo uns comentários sobre ele no 6v e resolvi voltar.

Na verdade, eu não quero falar apenas sobre Lolita, mas sobre a reação que acontece às vezes com determinados livros como Lolita. Então vamos aos fatos.

Como todo mundo provavelmente já sabe, o livro conta a história de Hubert Hubert, o pedófilo (e narrador), e Lolita, a sua enteada de treze anos (e vítima). É exatamente nessa hora em que você conta essa micro-sinopse de uma linha que vem uma enxurrada de gente dizer que nunca leria uma coisa dessas, que o livro é ruim ou, pior ainda, que é apologia à pedofilia. Em noventa por cento dos casos a pessoa obviamente não vai nem ter lido o livro antes de vir dizer isso.

O que eu tenho a dizer sobre Lolita é provavelmente o que você já ouviu falar em algum lugar: a beleza do livro está na narração. Não é à toa que tenha se tornado um clássico da literatura, assim como não é à toa que seja visto com maus olhos até hoje. Afinal, estamos falando de um livro narrado em primeira pessoa por um personagem pedófilo, livro esse que foi lançado em 1955. Reflita.

Eu sempre desconfio muito quando alguém diz que um livro faz apologia a alguma coisa, principalmente se for alguma coisa ruim. E desconfio mais ainda se esse for o motivo pelo qual a pessoa diz que você não deve ler o livro. Eu tenho um monte de motivos pra não ler alguns livros - não gostar do autor, não me interessar pela história, nunca ter visto, coisas do tipo -, mas não pura e simplesmente não ler porque fala sobre uma coisa ruim. Erm...

Não estou dizendo com isso que todo mundo deveria ler e gostar de Lolita - estou dizendo que não se deve deixar de ler levando em conta só o tema do livro. É basicamente a mesma coisa que acontece com O apanhador no campo de centeio.

Pra quem não sabe (e eu realmente não lembro se já falei dele aqui), O apanhador no campo de centeio é um livro de 1951, que conta um fim de semana da vida de um garoto de dezesseis anos chamado Holden Caulfield. Foi um dos primeiros livros a usar o fluxo de pensamento e a considerar a adolescência como uma fase específica - e importante - da vida. Mas esses não foram os únicos motivos pelos quais o livro ficou conhecido; em 1980 o assassino de John Lennon estava com o livro quando cometeu o crime e ainda disse que foi dele que "tirou a inspiração" para matar. 

Depois disso não demorou pra aparecerem mais histórias sobre como o livro incentivava as pessoas a se tornarem violentas e all that stuff. Erm... Eu li O apanhador no campo de centeio há mais de um ano e, olha só que maravilha, não matei ninguém.

O fato é que isso me irrita pra caramba. Isso de julgar os livros - qualquer coisa, na verdade - por coisas assim. Como eu disse uma vez, há quase exatamente um ano, um livro faz por você o que você deixa ele fazer. Por isso que O Encontro Marcado é tão importante pra mim, por exemplo, quando é apenas mais um livro qualquer pra alguma outra pessoa. Ou então por isso que, sei lá, eu acho O Guarani o livro mais chato da face da terra e existe uma pessoa que adore (-q?). 

Não é errado escrever ou ler sobre assuntos que não são exatamente coelhinhos coloridos fofinhos. Não é porque alguém vai ler e achar que aquilo ali é apologia a alguma coisa que necessariamente isso vai ser. Tampouco significa que o autor seja um bandido ou um pedófilo ou qualquer outra coisa. O que acontece às vezes é que não se discerne a realidade da ficção, e dá nisso. Vamos ler direitinho, sim?

3 comentários:

Tangerina disse...

Eu preciso dizer que li O Apanhador com uns 13 anos e já são três anos sem matar um músico famoso. YAY. Q

E sobre a narrativa de Lolita, eu só acho que fica um saco depois que a Lola some. É sério. Não conseguiu me encantar como o começo, como o H.H. quase matando a mãe da Lola, sem ter coragem e a mulher estar vendo-os no momento e, CLARO, os primeiros parágrafos HAHAHA

(aliás, o nome da minha cachorrinha é Lola. ADIVINHE O POR QUE HAHAHA)

João Bertonie disse...

nunca li lolita nem o apanhador no campo de centeio, tá na minha listinha e eu me odeio muito porque não os leio logo quando vejo críticas tão positivas, como as tuas. as pessoas gostam de teorizar e rotular bastante essas obras, separar de tudo de acordo com sua aparência, e isso é muita babaquice. o narrador é um assassino >> o livro te induz a algo. ah, pelamordedeus. gostei muito do teu texto sobre, explanou totalmente minha opinião sobre o assunto.
já li o encontro marcado, é muito muito muito bom, mas nada marcante demais pra mim SHIASHAIHBCGLC80.
ah, quando e que você vai falar de harry potter como você prometeu no "until the very end", hein??? haha

beijo

Daniel Savio disse...

Isto acabou me lembrando da polemica que aconteceu com um dos livros de Monteiro Lobato, na qual o escritor foi acusado de ser racista devido a descrição da tia Nastácia no livro referido (agora o titulo me falha a memória).

Mas com certeza Lolita é livro bom para se ler.

E feliz ano novo, mesmo quando quase já se chegou carnaval...

Hua, kkk, ha, ha, brincadeira com um fundo de verdade.

Fique com Deus, menina Moony.
Um abraço.