terça-feira, 18 de novembro de 2008

You’re don’t really there, is just the radio. – Superstar / Sonic Youth

Primeiramente, quero dizer a Sophie Lóren que passei no blog dela nesses últimos dias, mas nunca conseguia deixar um comentário nos posts. Acho que o sistema de comentários não tá funcionando, ou simplesmente o computador em que eu estava era ruim xD
Enfim, mais um capítulo com título tosco saindo!! xD Ah, como todos podem perceber, mudei o layout do blog. Tá altamente verde, mas tudo bem. Por favor, comentem para fazer Moony feliz.


Capítulo 5 – Confirmação

Eu não queria que o sábado chegasse logo, mas, talvez justamente por isso, ele chegou. A tal festa/reunião começaria às oito da noite, e às sete Walter me ligou perguntando o endereço da minha casa. Meia hora depois surgiu um carro vermelho buzinando na porta. Entrei no carro, que ele explicou ser da mãe dele, e partimos.
A casa, que ficava a uns vinte minutos da minha, era grande e, graças a Deus, não dava para ouvir música alta do lado de fora. Havia poucos carros estacionados de cada lado da rua, e levamos algum tempo pra achar uma vaga. Por fim, entramos.
A música que estava tocando era calma e baixa, e as pessoas pareciam civilizadas. Suspirei mentalmente por isso.
Assim que cruzamos o hall, uma moça bem vestida e que me pareceu um tanto arrogante veio nos cumprimentar. Melhor dizendo, ela me disse “oi” e se derramou toda para Walter.

- A dona da casa. – ele me explicou, depois que ela foi falar com outras pessoas que estavam chegando.

Não era exatamente o melhor lugar do mundo, eu ainda me sentia um peixe fora d’água e sabia que não conhecia quase ninguém que estava ali, mas definitivamente era melhor que a calourada. Disse isso a Walter, e ele sorriu.

- Eu não avisei? Agora você só precisa relaxar e curtir.

Engoli a resposta que queria dar. Ela seria “Curtir o quê, exatamente?”, mas não quis ser chato.
Antes mesmo que eu percebesse que havia saído do meu lado, ele trouxe dois copos com ponche. Provei e não era ruim. Parecia que a noite não ia ser perdida, afinal. Percebi que Walter me observava e agradeci aos céus pela iluminação fraca, porque sabia que tinha corado.

- Que acha deles? -Walter me perguntou de repente, indicando discretamente com a cabeça um grupo de pessoas na sala de estar. Pareciam estar discutindo alguma corrente filosófica qualquer, e a maioria apenas fazia que sim com cabeça quando outro falava, tentando dar uma de inteligente.

- Um bando de idiotas metidos a intelectuais.

Walter riu. Ele sempre me pedia opiniões sobre as pessoas que víamos, em todo lugar. Eu não sabia exatamente porque, mas não deixava de ser uma boa distração.

- E aquelas?

Agora ele estava falando de umas moças paradas junto à mesa das bebidas. Elas não paravam de dar risadinhas idiotas e desviar o olhar dos rapazes quando eles percebiam que estavam sendo observados. A anfitriã estava lá também, mas, ao contrário das outras, estava calada e olhava fixamente para nós. Melhor dizendo, para Walter.

- Ela está prestes a se jogar em cima de você. – eu falei, sem me preocupar em dizer qual delas. Ele devia saber.

- Ela é muito enjoada. – ele comentou, caminhando até uma janela.

Senti uma coisa parecida com alívio quando ele disse aquilo. Não, sejamos sinceros... Foi alívio.

Por umas três horas tudo foi muito bem. Fui apresentado a algumas pessoas, conversei com outras, a música era boa, bebidas e comida não acabavam nunca... O tempo passou voando. E Walter nunca saía de perto de mim por mais de cinco minutos, talvez pra se redimir da calourada.

- Vem. – ele falou, de repente, me puxando para a escada. Subimos.

Àquela altura da noite eu tinha que admitir que já estava um tanto alto. Paramos perto de uma janela alta, à moda das casas francesas, e ficamos olhando o jardim. Na minha mente semi-bêbada registrei vagamente que Walter e eu estávamos perigosamente próximos, e que ele ainda segurava meu braço. Como se tivesse ouvido meus pensamentos, ele me soltou e se afastou um pouco.

Havia vasos com rosas nas mesinhas que ladeavam a janela. Os móveis eram feitos de uma madeira escura e lustrosa. Tudo muito antigo e luxuoso. Por um momento achei que tinha voltado no tempo. Percebi que Walter me olhava observar as rosas.

- Gosta? – ele perguntou.

Fiz que sim e ele voltou a olhar o jardim. Algumas pessoas passavam por nós no corredor. Reparei que eram casais bêbados cambaleando para os quartos, e a casa perdeu o encanto de minutos atrás.

E então a dona da casa subiu também. Ela estava com um cara que reconheci ser do quinto semestre de Jornalismo. Eles estancaram quando nos viram. A garota olhou para Walter com uma expressão de desafio que naquela hora interpretei como “posso ficar sem você e não vou morrer por isso”, enquanto Walter apenas lhe deu uma olhada rápida antes de lhe dar as costas.

Foi o cara que estava com ela que me chamou atenção. Ele não parava de me olhar. Nós nunca tínhamos nos falado, e eu nem sequer sabia seu nome. Aliás, eu só sabia que ele existia pelo simples fato de estarmos fazendo o mesmo curso e, por isso, de vez em quando nos cruzávamos nos corredores.

Enfim, eles entraram em um quarto no fim do corredor e eu pude esquecer momentaneamente o cara do quinto semestre. Me aproximei mais de Walter, que ainda olhava para o jardim com um copo de whisky na mão. O perfume dele se misturava ao cheiro de bebida, me deixando mais zonzo ainda.

- Vamos voltar? – perguntei.

- Vamos. – ele respondeu, deixando o copo na mesinha das flores.

Foi só quando chegamos ao carro que me dei conta que ele não deveria dirigir, pois estava visivelmente bêbado, mas não falei nada. Ele colocou a chave, mas não chegou a girá-la. Encostou a cabeça no volante e ficou lá por alguns minutos.

Por fim, ele tirou a chave, pôs uma tranca no volante e saiu do carro. Saí também, e ele trancou as portas. Pegamos um táxi.

- É aqui. – eu disse ao motorista quando chegamos à minha casa.

Walter se adiantou e pagou a corrida. Tentei reclamar, mas ele apenas fechou os olhos e me disse “boa noite”.

- x -

No dia seguinte acordei tarde e com uma dor de cabeça fora do comum. Por algum tempo temi abrir os olhos, e quando os abri senti que minha cabeça ia rachar por causa da luz. Fui ao banheiro e passei um bom tempo olhando pra pia, tendo a certeza de que vomitaria a qualquer momento. Quando o momento chegou, corri para o vaso.
Eu nem bebi tanto assim, pensei. Ou bebi? Não dava pra lembrar com certeza. Aliás, a noite toda parecia ter se tornado um borrão disforme na minha mente.

Na segunda-feira, ainda com a certeza de estar com uma cara péssima, reparei melhor nas pessoas que via nos corredores. Passando em frente à porta do S5 vi o cara da festa, o que me olhava. Ele era definitivamente bem mais apresentável quando não estava bêbado ou olhando fixamente para alguém. Antes que percebesse que eu o observava, continuei andando até chegar à minha sala.
Walter estava no mesmo lugar de sempre, e sem nem levantar os olhos do que estava lendo tirou a mochila da minha cadeira e disse “oi”.

- Você tá com uma cara péssima. – ele comentou alguns segundos depois, fechando o livro.

- Culpa sua.

- Ah, vai. Não foi ruim.

- Não, não foi.

- Você não quer admitir.

- Acabei de fazer isso.

- A contragosto.

- Deixa de ser chato.

- Não posso. Faz parte da minha natureza.

- x -

Na quarta-feira encontrei um envelope dentro do meu caderno. Na frente estava escrito “Rodrigo” em letras datilografadas. Bem, então ele tem uma máquina de escrever! Já é alguma coisa. Walter me parecia ser o tipo de cara que teria uma.
Abri o envelope com as mãos tremendo um pouco. Porque isso sempre acontecia? Dentro havia uma pétala amarela e um bilhete, também datilografado.

Sei que gosta dessas pétalas
E sei também que posso continuar mandando-as pelo resto da vida
E ainda assim você não vai dizer nada
Mas tudo bem
Eu também não saberia o que fazer se você dissesse

Até logo,

(não achou que eu fosse assinar mesmo, não é?)

O senso de humor do Walter. A certeza de que eu sei e não digo nada. Não, eu não precisava de qualquer outra confirmação.

6 comentários:

RafaelGuimaraes disse...

^^
Eu amoo verde.
Meu sonho é ter um contrabaixo verde-oliva. :D

E eu acho que quem manda as pétalas não é o walter. Tá muito na cara meo.u.u
Tá bom, deve ser ele.
Maaas, como eu sou do contra...
Eu acho que é o doidinho do S5 que manda as pétalas u.u
Apesar de tudo indicar que não.
Sei lá.
Tô lombrado de flashs de câmeras, hoje @_@

Larissa disse...

olá moony... obrigada pelo recado no teu blog :). Continuo a ler seus textos... são muito bons. Vc tem talento^^. Na verdade, qndo comecei a ler, ia te perguntar o pq do título "Pra não dizer q não falei das flores", já que é tbm o nome de uma música. Agora já estou entendendo a intertextualidade :P

bju, sucesso.

Vanessa Kayren Araújo disse...

Oi!
Bom, primeiramente, eu odeio verde ¬¬
mas como isso n]ão é uma crítica a "aparência" do blog, deixa isso pra lá.
Eu ameiii, adorei mesmo. Essa história tá ficando cada dia mais intrigante!
ta ótimo mesmo, continua logo, eu também vou continuar a postar lá no blog...
um GRANDE BEIJO
Adoro vc...
xauzim ^^

' Rôh disse...

huuumm...
Tá, vamos só colocar mais emoção nessas despedidas dps de festas e talz. Mas ta mtuu bom. cara, vc tem noção do qto uísque é ruim pra fik escrevendo q os personagens bebem? Se liga essa história se passa no brasil e pobres universitários não bebem uísque assim... Mas vinho é uma delícia. E o mlr d td: barato. xD
Cheiiiro, ninda.^^
Dps olha teu email.

inferninho disse...

Oii =)
obrigada pelo comentário na brocha
desculpa a demora pra responder
é que a vida anda louca, maluca e rápida. Por exemplo, agora, nem deu pra ler o seu post. Tô atrasadíssima! Mesmo assim, obrigada pela presença e assim que puder tentarei ler os textos
Fui =**

Strokes disse...

Deixo aki um pedido pro Parente:
queria ler algum texto( não poesia) feito por ti
acho q se tu compartilha esse blog com a moony é pq tu é tão bom quanto ela
é q eu acompanho mais esses posts dela, mas fikei com vontade de ver um feito por ti
se é q ja num tem e eu não vi
vcs são meus ídolos
"os karas das letras"
parabéns.::.